sábado, 18 de outubro de 2014

Campeãs mundiais de cirurgia plástica

A cirurgia plástica evoluiu muito nos últimos anos. As técnicas cirúrgicas e os novos medicamentos anestésicos garantem mais segurança aos pacientes, e os procedimentos também se tornaram mais acessíveis.

Todo indivíduo deve poder dispor do próprio corpo da maneira que lhe for conveniente. Ninguém tem o direito de recriminar uma pessoa que opte por mudar o corpo.

Mas não há como deixar de questionar o fato de o Brasil ter se tornado o campeão desse tipo de procedimento, principalmente entre as mulheres, que começam a fazer cirurgias cada vez mais jovens.

O que faz com que milhões de mulheres de todas as faixas etárias e níveis sociais se sintam infelizes com o próprio corpo a ponto de se submeter a procedimentos invasivos, dolorosos e caros?

Não é preciso ser especialista para sentir o descontentamento feminino. As brasileiras são mundialmente conhecidas pelo apreço à estética e aos serviços realizados em salões de cabelereiro. Quase toda mulher gostaria de mudar algo em seu corpo, e o faria se tivesse a oportunidade. O mercado da cirurgia plástica apenas explora esse sentimento.

Basta uma rápida olhada nas revistas femininas, nos comerciais e programas de TV para perceber que o padrão de beleza imposto hoje não condiz com o da maioria das brasileiras.

Onde estão as mulheres de altura, peso, idade, formas, cabelos e cor de pele diferentes? A maioria anda por aí, insatisfeita. E esse descontentamento se reflete no corpo, mas vai além: sem se sentir bem com sua aparência física, é difícil sentir-se segura em outras áreas.

E insegura e insatisfeita, a mulher torna-se alvo fácil da indústria da beleza.

Difícil dizer para a mulher se afirmar, sentir-se bem com ela mesma quando toda a 
sociedade diz o contrário.


A diversidade é uma das características mais louváveis da humanidade. Se fôssemos todos iguais, perderíamos parte do encanto. Enquanto as mulheres deixarem padrões alheios determinarem sua aparência pouco avançaremos em relação à liberdade feminina.

*Texto publicado originariamente no site www.drauziovarella.com.br