quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A má-fé dos antiabortistas e a campanha das grávidas


Nos últimos dias, vimos pipocar nas redes sociais fotos de grávidas enaltecendo a barriga e convidando as amigas a fazer a mesma coisa.

O que poderia parecer uma demonstração descompromissada de amor é, na verdade, uma campanha em “favor da vida” e em apoio ao movimento antiaborto.

A empreitada já começou um sucesso. Afinal, como não se comover diante de uma mulher grávida e feliz com a chegada da maternidade tão desejada?

O movimento antiaborto ganhou força após as declarações do recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), de que a descriminalização do aborto só seria votada se passassem pelo seu cadáver.

Muitas das mulheres que aderiram à campanha talvez nem tenham se dado conta de que estão sendo usadas pelo movimento daqueles que se dizem pró-vida. Para os antiabortistas, isso pouco importa, como também têm pouca relevância as inúmeras mortes causadas pelo aborto clandestino.

O objetivo dessas pessoas é difamar aqueles que são favoráveis à legalização do aborto para angariar, assim, o apoio do resto da sociedade.

No fundo, sabem que seus argumentos são muito pouco convincentes, que se não apelassem para preceitos religiosos e argumentos nada científicos suas ideias provavelmente seriam refutadas com facilidade. Em suma, têm consciência de que se agissem com decência e honestidade, perderiam.

Portanto, o caminho mais fácil é dizer que os que lutam pelo direito das mulheres escolherem quando ter filhos são contra a vida, contra a beleza da maternidade.

Acontece que o recurso não é apenas sujo e desleal, mas um ato de má-fé. Ninguém é contra a vida, muito menos aqueles que defendem a descriminalização do aborto.

Ao contrário, podemos argumentar que, na verdade, os anti-abortistas não têm apreço à vida, pelo menos não à de todo mundo, pois ignoram as milhares de mulheres que morrem ao se submeterem ao aborto clandestino.

Nada mais perverso do que usar as verdadeiras vítimas da criminalização do aborto, as mulheres, nessa campanha sórdida.

Aqueles que de fato defendem a vida e o direito das mulheres não podem se calar diante da falta de ética dos que apelam a mentiras para sustentar suas ideias indefensáveis.