Nossa visão de mundo é influenciada por vários fatores, experiências e pessoas. Aprendemos com o que lemos, ouvimos e vivemos, com aqueles com quem cruzamos no caminho, com as reflexões que fazemos. O modo como enxergamos o mundo está em constante formação e, por isso mesmo, pode mudar.
Contudo, há algo que, depois de constituído, dá um trabalhão danado alterar: a forma como nos vemos, nossa autoimagem. As experiências das várias etapas da vida, incluindo infância e adolescência, são essenciais para o contorno da imagem que teremos de nós, que se reflete na maneira como nos colocamos no mundo e na nossa autoestima. Na fase de formação, o pai tem papel extremamente importante.
Um pai machista faz um belo estrago na vida de uma menina. Ele é a primeira referência masculina para a filha, e suas opiniões e o modo como enxerga o mundo e trata as pessoas são primordiais na constituição da sua visão de mundo e de si mesma.
Se ele a faz acreditar que ela não tem o direito de fazer escolhas e que elas não são boas o bastante para serem respeitadas, ela provavelmente vai acabar acreditando. Algumas conseguem, depois de muito empenho e dedicação, mudar a autoimagem negativa que fazem de si mesmas, mas muitas mulheres creem que de fato seus desejos e escolhas valem menos do que os dos outros, em especial dos homens. E que elas merecem pouco da vida, muito pouco.
O pai consciente de sua tarefa é aquele que entende que sua obrigação é fornecer ferramentas (aí também estão incluídos limites e regras, obviamente) para que a filha cresça se sabendo amada e amparada, mas segura e apta para fazer valer suas escolhas. Esse cara, antes de tudo, respeita e acredita na mulher que a filha é e sabe a importância que isso tem na formação da sua autoestima. Ele a ajuda a ser e a acreditar que é capaz.
Se seu pai trata você e seu irmão ou outros homens com regras, moral e direitos diferentes, não permite que você faça certas coisas não porque discorda delas, mas porque você é mulher, desculpe, mas seu pai não é o máximo. Ele é machista. Você vai querer para pai da sua filha um cara assim?
*Texto originalmente publicado na página do "Quebrando o Tabu"